sexta-feira, setembro 25, 2009

Prenda



Guardo meu sexo como uma pré-pubere. Guardo-o como um libidinoso menino santo. Preservo o olhar de outrora. Mastigado coração. Grato à suspeição de que a alegria exterior toda já foi me dada. Precisaria enxergar-te, luz? És exigida, memória? Guardo-me para escavar essa alegria só interior. No texto apareceu adornos, a alegria de fora coloriu-se, mas quero o básico, quero o de dentro. A experiência é só ausência. Nada está aqui. Não há sorriso, a data não existe, cartas, sons, anos; a memória evocada é um truque barato de falsa felicidade, não é como eu no vigor presente, com que não existe e crio. A pé, aprendo estar em mim em todos os lugares, desconstruindo o espaço, redescobrindo um só nome. Nu e universo.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Pedido de desculpas


"e de repente eu pensei que puta morte bela se eu morrer,
pra defender os bens que comprei, a prazo e à prestação"
Violins


Eu te matei não foi porque eu dava muito valor àquele objeto que me roubou, ele é só um brinquedinho para me entreter na mediocridade da minha vida. Te matei porque os tostões que ele vale são aqueles que ganho para aceitar esse sonho padrão e abdicar dos meus, tão peculiares e não rentáveis. Você desconhece o ódio que senti quando descobri isso. Os meus pertences medem meu sonho?! Não tinha o direito de me revelar. Não sou mesquinho, te matei pela minha vida, está vendo? Não foi pela merda de um Laptop. Serei absolvido, pois o estado me incumbiu de ser um cidadão respeitado, o que você não aceitou. Amanhã volto pra casa, pois tenho contas a prestar, não comigo, mas com meus clientes. E faça o favor de descansar em paz.
 
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