“La casualidad que estábamos esperando”
Na cabeça rolava tanto álcool, que eu nem pude respeitar suas pernas que se mostravam. Entendeu claramente isso quando usou a parte da saia que dobrava-se para ajeitar o cair do tecido e conter o ímpeto da carne em ser vista. Eu deitava sobre as almofadas, toda a gente na sala servia para reforçar a minha falta, amanhã eu ficaria indisposto moralmente o dia inteiro, e eu lembraria que o carro bateu e nós não morremos.
As pessoas não conseguem absorver o que se passa. O nosso desespero é apenas chacota para quem nos vê de fora. Só que aí vem você, não diz nada e fica quieta e eu descubro a facilidade que minha alma tem para sair de mim, eu posso virar e dizer o que eu li ontem de Sartre, se você já viu aquele filme que o péssimo encontro pôs tudo a perder sobre a comunicabilidade dos corpos. Mas por um momento desacreditei que você poderia ser uma esponja, e na verdade sentisse apenas a superficialidade de um cara bêbado, que naquela noite estava só, perplexo como seu amigo, com a vida presa na garganta, depois da tentativa de ser arremessada para fora como contraponto à batida na placa.
“And Sarah said that love is watching someone die”, é quase o que música diz, os olhos estão no display do aparelho de cd, e eles não cruzam com os seus, e eu não conversei sobre os últimos anos antes de eu conhecer você, nem o quanto eu me iludi bebendo cerveja nesse fim de semana, e quanto isso não sou eu, e quanto aqui é chama, e quanto ela queima quando a casualidade flerta, mas não aperta com o corpo, desenhando em seu sorriso apenas uma possibilidade, tão vã, que me faz querer aparecer pra ti como um chato, e matar o acaso de uma vez e vê-lo apenas como uma morte que não aconteceu ou como um amor que não nasceu.
Um comentário:
Pq você consegui com a meslhores palavras, descrever as mais complciadas emoções.
Realmente de um mesmo fato podem ser feitas tantas diferentes observações.
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